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domingo, 6 de dezembro de 2015

Assaí, Santa Amélia e Santa Mariana têm piores índices de dengue

Não é apenas o elevado índice de chuvas que o fenômeno climático El Niño está provocando no Norte Pioneiro e em muitas outras regiões do País. O clima quente típico deste período acaba sendo um aliado a mais para a proliferação do mosquito da dengue, o Aedes aegypti.

Quase 30% dos municípios do Norte Pioneiro estão em situação de alerta para surto da dengue, isto significa que em 14 cidades o índice de infestação de larvas do mosquito varia de 1% a 3,9% nos imóveis visitados pelo agentes de endemias. Já nos municípios Santa Amélia e Santa Mariana o patamar é mais grave: os índices de infestação chegam a 12,6% e 6,5%, respectivamente, já caracterizado como risco de surto da doença. Outros 33 municípios estão em situação satisfatória, com índice abaixo de 1%. A situação é preocupante pois, a a Organização Mundial da Saúde estabelece como limite para a infestação do mosquito a marca de 1% dos imóveis.

Os dados para esse levantamento referem-se aos meses de setembro e outubro, que fazem parte do quinto ciclo da dengue, e foram fornecidos pelas seguintes Reginais de Saúde: 3ª, 17ª, 18ª, 19ª e 21ª. Segundo o último Boletim de Dengue, da Secretaria Estadual de Saúde, referente de agosto de 2015 a 25 de novembro de 2015, o Paraná teve 518 casos de dengue confirmados (518 autóctones e 37 importados) e nenhum óbito no período. No total, já são 7.966 casos notificados no período.

Combater os criadouros do mosquito da dengue nos quintais ainda é a principal meta para prevenir a doença. Vale destacar também que o mosquito, cada vez mais resistente, é também o responsável pela disseminação da chikungunya e da zika, sendo esta associada recentemente a 1.248 casos suspeitos de microcefalia, identificados em 311 municípios de 14 unidades da federação, conforme dados divulgados pelo Ministério da Saúde, na última segunda-feira. O Paraná não faz parte desse levantamento epidemiológico, mas a situação é de alerta, já que sete casos de zika já foram notificados no Estado desde o começo do ano, embora nenhum diz respeito a gestantes ou bebês.
 
Para tentar reverter a situação de Santa Amélia, a Secretaria de Municipal de Saúde está planejando um grande mutirão de limpeza assim que a chuva der uma trégua. "O nosso índice é preocupante. No final do ano passado chegamos a ter 19% de infestação dos imóveis visitados e quase entramos em estado de epidemia. Falta comprometimento da população e o mutirão é uma forma de mobilizar mais os moradores, que acham que o agente tem obrigação até de capinar o quintal deles. E o problema maior está nas casas do centro da cidade", destaca a secretária Eloá Baptistone Wada Helbel.

O município ainda não tem uma lei municipal que permita a multa dos moradores que são reincidentes em possuir nos seus quintais criadouros do mosquito Aedes aegypti. "A gente fica desamparado sem a lei municipal e só temos o Código Estadual para efetuar as notificações e não chegamos ao ponto de lavrar multa, o que talvez faria os moradores se preocuparem mais", alega.

Já em Santa Mariana, o índice de 6,5% é considerado ainda reflexo do surto da doença que o município enfrentou há quatro meses a partir da contaminação importada de um caminhoneiro morador do distrito de Panema, que teria sido contaminado em Santos (SP). "Rapidamente fizemos o bloqueio da área, mas a população não colaborou e rapidamente a doença se alastrou. Chegamos a ter 200 casos notificados e 110 confirmados", afirma a diretora de Vigilância Sanitária Aiza de Matos.

"Um outro fator que favoreceu a essa situação foi o fato de termos apenas dois agentes em atuação e que não conseguiram fazer um trabalho mais efetivo no ano anterior à epidemia. Agora temos dez agentes concursados e estamos iniciando um trabalho de parceria com os professores para melhorar a conscientização dos moradores, independente da classe social", acrescenta Aiza.

Em Ribeirão Claro, o último índice de infestação – 0,16% - é visto como avanço, já que nos levantamentos anteriores os registros estavam acima de 1%, mas a perspectiva não é otimista, sendo que a cidade já chegou a ter 148 casos de dengue confirmados. A situação de epidemia no começo do ano motivou a contratação temporária de mais três agentes, totalizando oito profissionais em atividade. "Pelas visitas recentes que estamos fazendo já dá para perceber que, infelizmente, esse índice irá aumentar de novo. Aqui o problema maior também são as casas do centro e combater a dengue envolve uma mudança cultural de que o quintal também merece a nossa atenção. As pessoas têm preguiça em limpar a própria casa, mesmo se colocando em risco também", destaca a secretária de Saúde Ana Maria Baggio Molini. Para incentivar a população, um grande mutirão de limpeza está sendo organizado pelo município entre 7 e 11 de dezembro.
Na opinião do chefe da Divisão de Vigilância em Saúde da 19ª Regional de Saúde, em Jacarezinho,

Ronaldo Trevisan, o trabalho preventivo da dengue, de modo geral, ainda será um processo "longo e árduo". "É uma junção de fatores que favorecem a proliferação da dengue, sendo um dos principais a rápida capacidade de adaptação do mosquito ao meio. A dificuldade cultural das pessoas chamarem para si a sua parcela de responsabilidade pelo problema é outro. Na década de 1950, nove países enfrentavam a dengue; hoje, são mais de 100", alerta.

da Folha de Londrina

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